quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Alohomora ☼ 5


Solarinos


As aulas haviam acabado e eu fui até a Sala Comunal da Grifinória encontrar o Leonard. Ele me esperava na frente do retrato. 
- Oi, Katy. 
- Oi. 
- Pegada de trasgo! - ele diz para o retrato, até que uma lâmpada acende na minha cabeça. 
Pegada de trasgo é a marca no Mapa do Maroto que dá para o Porão da Direção. Estranho um pouco. Mas, ignoro. Entro com Leonard, e as minhas mãos tremiam. Por mais que eu não soubesse o porquê. 
- Vamos! - digo indo me sentar onde nos sentamos ontem. 
- Hmm, Katy?
- Sim?
Ele abre a boca pra falar, mas hesita.
- Nada não. Vamos começar logo! 
Leonard estende as mãos em direção ao pincéis e reparo em algo na sua mão direita. Uma marca, parecia uma tatuagem, no pulso. Um sol, desenhado apenas com seus contornos, e em sua lateral, havia uma lua, todos marcados com um rosto sério no centro. Um arrepio percorreu minha espinha. Ele percebe que eu estava olhando sua tatuagem e se endireita, segurando o pulso (e cobrindo a marca). 
- Acho melhor você ir, Katherine. 
- Mas, eu acabei de chegar!
- Não importa, eu... eu estou ficando com sono. - ele lança um feitiço para o retrato e ele se abre, como um gesto para eu sair dali o mais rápido possível. 
Junto minhas coisas e as enfio na mochila. 
- A gente se vê no jantar!
- Talvez, agora ande logo. 
- Tchau. 
Passo pelo buraco do retrato com uma pulga atrás da orelha. Como Leonard pode ter mudado de atitude tão rápido comigo? De manhã, ele tinha pegado na minha mão e agora, ele havia acabado de me expulsar para algo que ele mesmo marcou.
Fui correndo para a Sala da Lufa-Lufa para falar com Meredith, mas ela não estava lá, só a Elisa Smith. Me junto a ela e começamos a conversar. 
- Vamos, Katy! Já está na hora do jantar! - nos levantamos e fomos até o buraco do retrato.
- Você viu a Meredith? 
- Não sei, não. Ela deve estar lá em cima. 
- Eu vou procurar ela lá. Pode ir indo, nos encontramos lá. 
- Tá legal. Até mais, Katy!
Subo as escadas em espirais e vou até o dormitório. Bato na porta. 
- Meredith? 
- Vai embora! - sua voz estava rouca e fraca. 
- Sou eu, a Katy. 
- Vai embora!
- Meredith, eu... 
- Vai embora!
- Mered...! - escancaro a porta - O QUE É ISSO?

Me encontrei com Meredith sentada ao lado da sua cama, abraçando os joelhos. Seu rosto estava marcado de lágrimas, e seus olhos, estavam abertos e pavorosos, como se tivesse visto um monstro de seus piores pesadelos. Ela tinha livros espalhados por toda a cama dela, e um caderno na frente de seus pés, parecia um diário. Estava aberto, mas vazio. Um tinteiro quase no fim estava ao lado dela e uma pena manchada e molhada também. Ela me olha, e se assusta. Ela acaba se enfiando de baixo da cama dela. 
- Meredith... - vou até a cama dela. - O que aconteceu?
- Eu não quero falar sobre isso com você. - ignoro-a. 
- Vamos! Saia daí... Temos que ir jantar. 
- Não estou com fome. 
- Se a Minerva ver que não está lá, ela virá até aqui e será muito pior. 
Seus olhos brilharam em minha direção por debaixo da cama. 
- Mas eu não quero ir! 
- Quer que eu peça a Lucia para trazer algo para comermos? Eu vou até lá e volto bem rápido...
- Pode ser. 
- Agora, saia daí. Vá tomar um banho e se acalmar!
Ela estende a mão para eu ajudá-la e reparo algo em seu pulso. Uma tatuagem, igual a do Leonard. Um sol e a lua dentro, só que seus traços pareciam ter sido feitos com uma faca, eles brilhavam em vermelho sangue. Engulo em seco e a ajudo a sair da cama. 
- Vou indo. - saio do dormitório e vou descendo as escadas. 
A cada degrau, é como se uma preocupação a mais viesse a tona. Vou correndo até o Salão Principal, procuro Lucia e vou correndo em seu encontro. 
- Onde está Meredith? - ela pergunta. 
- Eu a achei - olho para Elisa - , mas não sei se foi a coisa certa a fazer. 
- Quer que vamos até lá para ajudar em...?
- Acho que isso só piorará tudo. Gostaria que você levasse alguma coisa para nós duas comermos lá, pode ser?
- Claro! Eu vejo o que eu posso fazer... 
- Obrigada. - olho para a mesa e eu me encontrava na frente de uma grande porção de coxas de frango. - Vou querer um pouco disso... - peço e vou indo embora. 

- Chá de orvalho! - digo ao retrato e entro. 
Achei que fosse encontrar a Meredith nos dormitórios, mas ela estava no saguão da Sala Comunal. Estirada no chão, respirando ofegante. Olhando vagamente para o teto... 
- MEREDITH! - vou até ela lá no chão. 
- Quem é você? - ela diz ainda olhando para o teto. 
- Sou eu, a Katy. Katherine Marvel. 
- Katy, por favor, Katy! Não me deixe ir embora... - ela olha para mim e segura minha cabeça com as duas mãos - Eles querem me levar, Katy! Não deixe eles me levarem, Katy! Me deixa ficar, Katy, eu não quero ir, Katy! - sua tatuagem agora estava com gotas de sangue saindo por ela toda. 
- Meredith! Vai dar tudo certo... Levanta, agora. - pego sua mão e a ajudo, mas ela não levantava - LEVANTA DO CHÃO!
- Eles querem me levar, Katy!
- Eles quem? - sussurro. 
Ela aponta para o teto, e tudo o que eu vejo é só o teto da Sala Comunal. Mas, ela pega a minha mão e a coloca sobre a sua tatuagem. Uma sensação horrível de medo e terror invade o meu corpo. Eu olho novamente para o teto, como ela ainda pedia, e vi três seres voando encapuzados. O do centro parecia ser o monstro do meu sonho, e os outros dois, pareciam ser seus parceiros. Eles estendiam a mão e parecia que a minha alma estava sendo puxada por eles... Eu solto a minha mão da tatuagem da Meredith. Até que algo me vem a cabeça. 
- Meredith! Acho que eu sei como te fazer ir embora sem que eles te levem... 
- Eles não vão me levar, Katy?
- Se der certo, não. 
- Faça isso, Katy. Eu não quero que eles me levem, Katy... Katy! Eu não quero ir embora, Katy! - ela volta a chorar.
- Vai dar certo. - eu me levanto e pego minha varinha. - EXPECTO PATRONUM!
Uma fênix brilhante e prateada sai da ponta da minha varinha, e atinge o teto. Ela parecia espantar alguma coisa... Ela olha para mim orgulhosa e voa para perto de mim novamente. Eu abro um sorriso tímido e ela desaparece. Olho para Meredith e ela parecia mais sã do que estava momentos atrás, eu abaixo até o lado dela novamente e toco em sua tatuagem, o teto estava sem nada. Ajudo-a a levantar. 
- Linda fênix. O meu patrono é um coelho. 
Guardo minha varinha nas vestes novamente e a encaro. 
- O que significou tudo aquilo? - pergunto. 
- Eu disse que tinha de saber se você era de confiança antes de te contar, lembra-se da carta?
- Sim, mas... 
- Assunto encerrado. 
- Não! Você me deve muitas respostas. 
- Antes, eu vou tomar um banho. Você mesma falar para eu... 
- Nem pense nisso, Meredith! Eu preciso muito falar com você. 
- Fala o que você quer saber. 
- Quero saber de tudo, desde a sua ilusão de dementadores até o fato de você e Leonard terem uma tatuagem igual. 
- Como você viu a marca no Leonard? - ela diz, preocupada e séria. 
- Eu vi, e ponto. Agora me fale tudo. 
- Tá... Tudo bem. Eu e Leonard, nós... Fazemos parte de um grupo. É um grupo secreto de rebeldes, somos contra o atual ministro. Até aí, você tem de saber que não fazemos nada para o lado das trevas. Nós, simplesmente, protestamos, e todos os rebeldes possuem uma marca. A nossa, é o Sol. - ela me mostra o pulso - Mas, então. Alguns seguidores de Crunfouch começou a protestar também, e eles querem levar os rebeldes para o lado negro. Por isso, alguns rebeldes estão fazendo a forma de lua no pulso por cima do sol, para simbolizar que não vão passar para o lado das trevas, mas infelizmente, ataques estão começando a acontecer. Ataques como o que acabou de acontecer comigo, ou até piores. E, sabe como conseguiu vencê-los com o patrono? Porque a fênix é o único patrono do qual eles fogem, é um tipo de magia pura e protetora que os afasta. Você é a minha única salvação, Katy. Temos que lutar contra o Crunfouch!
- Quem é Crufol? - pergunto. 
- Crunfouch é o sucessor de Voldemort. Ele quer dominar as trevas, para poder dominar o Ministério, por isso... 
- Por isso ele está tentando controlar os rebeldes do sol. 
- Somos os Solarinos, não rebeldes do sol. 
- Tá, os Solarinos. Mas, eu não posso simplesmente entrar na luta contra o Crunfouch e... É ELE! - grito.
- O que houve?
- Eu tenho sonhos com ele... 
- Sonhos como? 
- De lutas! 
- Com mortes? - ela pergunta.
Eu olho para Meredith e me lembro do sonho onde ela morre. Eu não poderia deixar aquilo acontecer com ela, nós éramos amigas, ainda que quase nem conhecíamos uma a outra, mas nós éramos amigas. Eu não poderia deixar ela morrer... Se eu tinha o patrono que poderia cuidar dela, e protegê-la, eu faria o que fosse preciso. 
- Meredith, eu vou lutar.

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