terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Alohomora ☼ 1


Conheço uma futura fantasma


- Salve-se! - ela gritava - EU CUIDO DELE!
Um clarão verde e ofuscante saiu da ponta da varinha e atingiu o peito da menina, após um sujeito alto e encapuzado gritar algumas palavras. 

De alguma forma, eu sabia quem era a menina, quem era o da capa, quem eram as pessoas jogadas mortas no chão. E aquilo confundia os meus sentimentos em uma espécie de raiva, tristeza e determinação. 


- MEREDITH! - grito, mas estranho. Eu sabia o nome daquela menina, nunca havia visto ela antes. Caio de joelhos ao seu lado. Eu chorava... Chorava muito... 

- Então - ele tinha uma voz áspera e arrastada - , quem te salvará agora?
- Eu não vou ser salva! - exclamo encarando-o.
- O que disse? - de alguma forma, ele pareceu surpreso e confuso.
- Eu disse que não vou ser salva! - me levanto e jogo minha varinha no chão - Você quis me matar todo esse tempo... Pronto! Faça o que quiser! Você já deixou a minha vida tão miserável que nem fará mais sentido viver sem eles - aponto para os mortos, meus olhos marejavam, mas eu não podia perder a postura agora, ele estava entrando no meu plano, qualquer que fosse. - Me mate logo, eu estou desarmada. E você não é o bruxo mais poderoso de todos os tempos? Ande... Faça o que quer fazer.
- Não... venço... meus... inimigos... sem... LUTA, Katherine! - ele exclama se contorcendo.       
- Quer lutar então, Milorde? - ele levanta a cabeça, era possível enxergar um sorriso amarelo por debaixo da capa - Ótimo... - pego minha varinha - Mas saiba que você irá vencer de qualquer jeito. 


Acordo suando frio.
Minha camisola estava molhada de suor e o meu cabelo também. Até que o despertador começou a tocar. Seis e meia... Pensei comigo mesma. Fui até o banheiro e tomei um banho. Coloquei minha roupa e desci até a cozinha com o meu malão de Hogwarts. Meus pais discutiam entre si.

- Talvez seja melhor! - minha mãe gritava.
- Thatiana! Não seja tão estúpida! - meu pai retrucou.
- Poxa, Leo! Tudo o que eu quero é que essa menina seja feliz, independente do que somos ou NÃO!
- Bom dia. - digo encerrando a discussão.
- Bom dia, filha. - minha mãe diz forçando para parecer que nada aconteceu. - Quer se sentar?
- Sim.
- Eu pego o cereal pra você - minha mãe diz abrindo os armários.
- Olha, filha. Eu e sua mãe nós não estávamos... - meu pai pega na minha mão mas eu solto - Quer dizer, não era uma discussão.
- Vocês acham que eu sou tonta?
- Como assim? - meu pai diz.
- Eu tenho 16 anos! E vocês... Vocês agem como se eu tivesse cinco, e que eu não possa saber de todas as coisas ruins que a relação de vocês tem. Sejam verdadeiros comigo, eu sou a filha de vocês! - minha mãe parecia tremer quando coloca o pote do cereal na minha frente. - Perdi a fome - empurro o pote de cereal.
Minha mãe me encara incrédula.
- Você vai comer. Hoje é a sua ida para Ogarts! Tem de estar bem alimentada...
- É, Hogwarts, meu bem... - meu pai corrige. - Você diz como se nunca tivesse estudado lá? E como se nunca tivesse sido da Grifinória e me conhecido e...
- Vamos parar de fingir, David!
- David? - me levanto da mesa. - O nome do meu pai é Leo!
- Katherine, sente-se por favor. - obedeço meu pai - Olhe... Vai ser difícil pra você acreditar nisso tudo, mas... Meu nome é David Lemilton. E ela é Barbara Lemilton.
- P-Por que alguém fingiria seu próprio nome? - pergunto. - Quer dizer que meu nome é Katherine Lemilton, não é?
- Não, Katy - minha mãe diz. - Você é Katheirne Marvel. Filha de Leo e Thatiana Marvel.
- Mas, se vocês não são meus pais... Q-Quem são?
- Eles morreram... Quando você tinha 1 ano. Sabíamos que você já tinha alguma relação com a magia, por isso tínhamos que continuar a dizer que estudamos naquela escola de bruxos e essas coisas, tudo o que lhe contamos sobre seu passado, é o passado de seus verdadeiros pais.

Lembro-me de um dia, anos atrás, entrar no quarto dos meus pais para mexer nas coisas de minha mãe, e achei uma carta. Frases foram vindo em minha mente conforme "David" e "Barbara" iam explicando tudo: ...Nossa filha, nosso tesouro...Proteção longe de nós...Estudamos em Hogwarts...Digam isso a ela, será melhor...Só conte sobre seu verdadeiro passado quando ela estiver pronta...
- Eu sabia. - murmuro baixo. Começo a chorar. - Eu sabia! Eu sempre soube!
- Katherine, não seja tão boba a ponto de...
- De o que? De sair daqui? Vocês nunca me amaram! Foi tudo mentira.
- Olhe - Barbara começa a se explicar - Eu quis lhe contar assim que recebeu a carta de Hogwarts, mas você era muito pequena. Tínhamos que ter certeza que estava pronta e... - eu a encaro - Me desculpe, Katherine. - ela me abraça mas eu sai de perto dela.
- Minha vida toda foi uma mentira! Nem todas as desculpas do mundo poderão recuperar isso. - subo para o meu quarto de novo.

Você sempre soube que havia algo errado! Sempre soube... Deveria ter pesquisado mais, deveria ter... Deveria ter perguntado a eles assim que desconfiei!
Colocava todos os meus pertences em uma mochila. Meu quarto estava em poucos minutos completamente vazio. Desço as escadas com a mochila e o malão na mão.
- Adeus, Barbara. Adeus, David. - bato a porta.

Lá estava eu, sozinha no mundo lá fora. Fui andando até a Estação King's Cross para pegar o Expresso de Hogwarts na Plataforma nove e meia, às exatas 11h. Era oito horas quando atravessei o portal. Estava completamente vazio, mas o trem estava lá e o maquinista e os outros funcionários estavam do lado de fora, conversando e tomando café.
- Ei! - maquinista se dirige a mim.
- Desculpe, te conheço? - pergunto.
- Sou amigo de seus pais, David e Barbara. - ele estende a mão para um cumprimento mas eu não a recebo de bom grado. - Que filha bonita eles tem!
- E que amigo chato também! - entro no trem e me sento em um vagão ao lado da janela e começo a ler um livro. Queria sair dali o mais rápido possível.





Era 10h45. A Estação se encheu repentinamente.
Pais e mães se despedindo dos seus filhos com beijos estalados nas testas e abraços de urso... Todos muito exagerados. Continuo lendo meu livro pensando o quanto estava com inveja daquelas crianças por terem pais. Continuo com a cabeça enfiada em Aritmancia em 5º grau. Até que alguém entra na cabine em que eu estava.
- Todo o vagão está cheio... - diz uma menina - Espero que não se importe!
- Sem problemas... - digo ainda lendo o livro.

Olhei pela janela o relógio da estação que bateu exatas 11h. O trem começou a andar. Ainda com a cara na janela avisto duas pessoas. Poderia ser? Não... Não podia! Depois do que aconteceu eles não estariam lá, estariam?
- Barbara... - murmuro pra mim mesma.
- Quem é Barbara? - pergunta a menina do vagão.
- Ninguém... - respondo voltando a ler.


Era meio-dia e eu comecei a ficar com fome. Abro minha mochila e encontro alguns sanduíches que eu tinha pegado da cozinha. Ofereço um a menina e ela aceita de bom grado.
- É de atum? - concordo com a cabeça. - Olha, se você quiser eu saio, tudo bem? - a encaro - Se não quer que eu fique aqui eu saio...
- Não é isso, é que eu só não gosto de conversar. - como um pedaço do sanduíche.
- Hmm... Então eu paro de falar! - ela limpa a boca com o guardanapo que envolvia o lanche.

Passou alguns minutos e a menina olhava a janela com uma cara de "Ela não quer falar comigo, então não vou falar!" Achei que era melhor satisfazê-la, senão nunca terei uma amiga em Hogwarts.
- Qual é o seu nome? - fecho o livro e deixo-o de lado.
- Meredith. - ela estende a mão para um cumprimento, ia recebê-la de om grado, até que aquele nome me lembrou algo.
- M-Me-Meredith?
- Sim... - ela responde recolhendo a mão para si já que não a cumprimentei. - E você?
- Katherine Marvel.
- Nome bonito... - ela diz encolhendo os ombros.
- Obrigada. - respondo abrindo o livro novamente. Ela deve ter me achado louca... 



Chegamos em Hogwarts. Eu já vestia as vestes assim como Meredith. Aquela menina era igual a do sonho... O que aquilo significava? Decidi não pensar nisso senão poderia ficar horas até achar algo que pudesse explicar, mas claro que seria completamente improvável. Ficamos esperando no saguão de entrada o Profº Flitwick chegar e anunciar que "a entrada dos alunos quintanistas está autorizada". Aquelas quatro mesas enormes estavam com os pratos de ouro de sempre. A diretora McGonagall se levantou da mesa dos professores.
- Bem-vindos a mais um ano em Hogwarts! Em poucos minutos, começaremos a Cerimônia das Casas, mas primeiro, tenho alguns avisos para dar. Gostaria de dizer como todos os anos, que a Floresta de nossa propriedade é completa e severamente proibida a quem não quiser se ser expulso da escola, ou pior, uma morte dolorosa. O Profº Thinderboon, de Poções, está com um projeto para a nossa Escola neste ano. Professor? - ela se dirige ao professor de poções que é um dos meus preferidos.
- Olá, caros alunos! - ele nos cumprimenta - Este ano, andei pensando... Hogwarts precisa de algo importante pra acontecer esse ano não acham? Por isso, eu junto com a Profª Sprout, criamos o "Baile de Inverno de Hogwarts" - todos aplaudem - Professora Minerva, gostaria de continuar?
- Seria uma honra - a diretora se levanta novamente - Bem, alunos, este evento acontecerá todos os anos, e terá um tema todos os anos. O deste ano será "Magia do Amor". - todos aplaudem novamente. - Mais informações em breve. Agora, queiram receber os nossos alunos do Primeiro Ano. - as portas do Salão Principal são abertas e Filch passa correndo. 
- Eles sumiram! Eles sumiram!
- O que disse, Argo? - a diretora estava incrédula.
- Eles sumiram! Alguém os pegou! 

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